domingo, 1 de setembro de 2013

Futebol : Lazer, Ferramenta de Inclusão Social e Atividade de Alto Rendimento

Carlos Fernando M. Drumond

Advogado associado de Homero Costa Advogados e especializado em Direito Desportivo

*publicado originalmente no Boletim Jurídico N.º 09, em 27/11/2008

Houve um tempo, não muito distante, que o esporte bretão era tido como atividade exclusivamente lúdica, não raramente vinculada às classes menos abastadas da população. A explicação, simples: bastava uma bola – muitas vezes feita de meias velhas e trapos – e uma área livre, baldia (as cidades ainda dispunham delas). Dois times formados na hora e pronto, tome de correria!
Atentos ao grande número de praticantes, renomados antropólogos, psicólogos e pesquisadores de áreas afins voltaram seus estudos para as razões da adesão massificada ao ludopédio (jogo de pés).

Hélio Schwartsman, editorialista da FolhaonLine, cita Johan Huizinga (1872-1945), para quem a idéia do jogo é central para a civilização, destacando que em sua obra “Homo Ludens” de 1938, o historiador holandês afirma “todas as atividades humanas, incluindo filosofia, guerra, artes, leis e linguagem, podem ser vistas como o resultado de um jogo, sub specie ludi (a título de brincadeira)”.

Com todo acerto, portanto, aqueles que hoje tratam o futebol como verdadeira ferramenta de inclusão social. Se de um lado a especulação imobiliária nas grandes cidades engoliu os “campinhos” (não só no Brasil e Argentina, como em vários outros países), de outro há nítida tendência das escolas de se valer do esporte como instrumento de sociabilização, atividade que permite acesso às mais elementares noções de regras, limites espaciais, de convívio com o oposto e até mesmo de beleza e plasticidade.

Não podemos perder de vista, entretanto, a vertente profissional da atividade.

Trata-se de um nicho ou segmento da economia global que no Brasil, particular e paradoxalmente, é pouco e mal trabalhado. A despeito de haver uma demanda popular amplamente favorável ao produto (mídia, espetáculo, licenciamento, serviços, royalties, etc.), somos muito amadores na exploração deste mercado.

A evolução dos meios de comunicação (rádio, TV, TV por satélite, internet, banda larga, 3G, e sabe-se lá o que vem por aí), que traz a reboque uma mídia globalizada, possibilitou a criação de uma verdadeira indústria do entretenimento ligada ao futebol. Que não se façam de cegos os saudosistas, nem mesmo aqueles pouco afeitos à sua prática, pois o futebol de alto rendimento é atividade que amealha bilhões, tal qual a indústria automobilística ou a agroindústria, tomadas como paralelo financeiro.

Há espaço para economistas, administradores, profissionais de comunicação, professores, advogados, hoteleiros, anunciantes, enfim, a atividade FUTEBOL comporta agregar uma infinidade de valores, produtos e serviços que, latentes, batem à nossa porta.

Arregacemos as mangas, pois.

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