Carlos Fernando M.
Drumond
Advogado associado
de Homero Costa Advogados e especializado em Direito Desportivo
*publicado originalmente
no Boletim Jurídico N.º 09, em 27/11/2008
Houve um tempo, não muito
distante, que o esporte bretão era tido como atividade exclusivamente lúdica,
não raramente vinculada às classes menos abastadas da população. A explicação,
simples: bastava uma bola – muitas vezes feita de meias velhas e trapos – e uma
área livre, baldia (as cidades ainda dispunham delas). Dois times formados na
hora e pronto, tome de correria!
Hélio Schwartsman,
editorialista da FolhaonLine, cita Johan Huizinga (1872-1945), para quem a
idéia do jogo é central para a civilização, destacando que em sua obra “Homo
Ludens” de 1938, o historiador holandês afirma “todas as atividades humanas,
incluindo filosofia, guerra, artes, leis e linguagem, podem ser vistas como o
resultado de um jogo, sub specie ludi (a título de brincadeira)”.
Com todo acerto, portanto,
aqueles que hoje tratam o futebol como verdadeira ferramenta de inclusão
social. Se de um lado a especulação imobiliária nas grandes cidades engoliu os
“campinhos” (não só no Brasil e Argentina, como em vários outros países), de
outro há nítida tendência das escolas de se valer do esporte como instrumento
de sociabilização, atividade que permite acesso às mais elementares noções de
regras, limites espaciais, de convívio com o oposto e até mesmo de beleza e
plasticidade.
Não podemos perder de
vista, entretanto, a vertente profissional da atividade.
Trata-se de um nicho ou
segmento da economia global que no Brasil, particular e paradoxalmente, é pouco
e mal trabalhado. A despeito de haver uma demanda popular amplamente favorável
ao produto (mídia, espetáculo, licenciamento, serviços, royalties, etc.), somos
muito amadores na exploração deste mercado.
A evolução dos meios de
comunicação (rádio, TV, TV por satélite, internet, banda larga, 3G, e sabe-se
lá o que vem por aí), que traz a reboque uma mídia globalizada, possibilitou a
criação de uma verdadeira indústria do entretenimento ligada ao futebol. Que
não se façam de cegos os saudosistas, nem mesmo aqueles pouco afeitos à sua
prática, pois o futebol de alto rendimento é atividade que amealha bilhões, tal
qual a indústria automobilística ou a agroindústria, tomadas como paralelo
financeiro.
Há espaço para
economistas, administradores, profissionais de comunicação, professores,
advogados, hoteleiros, anunciantes, enfim, a atividade FUTEBOL comporta agregar
uma infinidade de valores, produtos e serviços que, latentes, batem à nossa
porta.
Arregacemos as mangas,
pois.
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