BRASIL, HÁ MAIS DE 69 ANOS PROIBIU OS
CASSINOS!
Stanley Martins Frasão
Advogado, sócio-administrador de Homero Costa Advogados,
Mestre em direito empresarial
Macau é o único território da China que autoriza o
funcionamento de cassinos, sendo que em 2010 foi registrado um faturamento de
23,5 bilhões de dólares, quatro vezes mais do que o de Las Vegas, USA.
Dos 108 países que formam a Organização Mundial de
Turismo, somente dois proíbem o jogo: Cuba e Brasil.
Mas no Brasil tem jogos autorizados tais como Mega-Sena,
Quina, Lotofácil, Lotomania, Dupla-Sena, Loteria Federal, Loteca, Lotogol,
Instantânia e Timemania, estes sob o comando do Governo Federal, os vários
tipos de loterias controladas pelos Estados e mais o sem autorização e
conhecido como jogo do bicho.
No dia 30 de abril de 2015 o
decreto-lei 9.215/46 completou 69 anos de vigência. Ele foi o
responsável pela proibição da prática ou exploração de jogos de azar em todo o
território brasileiro.
O DL proibiu a prática ou exploração de jogos de
azar em todo o território brasileiro, tendo por base alguns considerandos: que
a repressão aos mesmos é um imperativo da consciência universal (jogos são
permitidos em vários países, inclusive nos mais desenvolvidos e ricos); que a
legislação penal de todos os povos cultos contém preceitos tendentes a esse fim
(matéria ultrapassada); que a tradição moral jurídica e religiosa do povo
brasileiro é contrária à prática e à exploração e jogos de azar (essa dá
vontade de rir, afinal, diariamente, brasileiros de todas as classes sociais
compram vários tipos de loterias do Governo); que, das exceções abertas à lei
geral, decorreram abusos nocivos à moral e aos bons costumes (a reversão seria
alcançada com uma fiscalização eficiente); que as licenças e concessões para a
prática e exploração de jogos de azar na Capital Federal e nas estâncias
hidroterápicas, balneárias ou climáticas foram dadas a título precário, podendo
ser cassadas a qualquer momento.
Reza a lenda que dona Santinha, D. Carmela, esposa
do presidente Dutra, religiosa e contrária ao funcionamento dos cassinos, e o
então ministro da Justiça, Carlos Luz, sob a bandeira e em defesa da TFM -
Tradicional Família Mineira, foram as pessoas que influenciaram o Presidente.
Os cassinos foram fechados, milhares de pessoas perderam seus empregos, isso
sem falar nos indiretos, investidores ficaram à deriva, muitas das cidades que
tinham por sede tais estabelecimentos entraram em decadência e estão sem
recuperação até hoje.
O Brasil sem cassinos perde. Perde arrecadação,
deixa de abrir vagas de emprego, reduz o turismo e incentiva que brasileiros
turistas e nativos continuem jogando na Argentina, Paraguai, USA, Europa, Macau
e mesmo em navios que cortam as águas internacionais, que transportam
brasileiros que embarcam em nossos portos.
As Copas das Confederações (2013) e do Mundo (2014)
alimentaram as esperanças de alguns, considerando ser o turismo o grande vetor
da economia mundial, de revogação do mencionado Decreto-lei.
As flexibilizações feitas em razão das Copas, tais
como a venda de bebidas alcoólicas nos estádios, isenção de tributos federais
para a FIFA e as suas subsidiárias no Brasil, contribuição para o PIS/Pasep
Importação, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social incidente
sobre a importação de bens e serviços (Cofins-Importação) e da Cide -
Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico, dentre outros (decreto 7.578,
11/10/11), foram demonstrações de que nada é imutável.
Outro exemplo é o do setor hoteleiro, que
preocupado com a mão de obra brasileira em falta, negociou com o Governo
Federal para permitir a contratação de mão de obra estrangeira temporária.
Fomos visitados por milhões de turistas de todo o
mundo e os Governadores, Prefeitos, Deputados Federais e Senadores das cidades
que sediaram os jogos deixaram, diante do momento histórico, de movimentar o
Congresso Nacional para o retorno dos cassinos no Brasil.
Deve ser lembrado que em 2016 teremos os Jogos
Olímpicos e Paraolímpicos, que registrará a visita também de um super volume
extra de turistas.
Vários projetos de lei já tramitaram e tramitam no
Congresso Nacional e quem sabe seja a hora de se promulgar uma Lei visando dar
oportunidade de subsidiar um crescimento nacional, de recebermos novos
investimentos nacionais e internacionais, com a permissão de reabertura de
Cassinos, mediante destinação de um percentual em projetos sociais vinculados
ao FIA – Fundo da Infância e do Adolescente, por exemplo, gerando milhares de
empregos diretos e indiretos, arrecadação de milhões de impostos, redução de
jogos clandestinos e da criminalidade gerada por estes?
Fica o exemplo também de Macau, afinal o IDH de
várias cidades brasileiras e estados, que registram disparidades sociais e
econômicas, poderiam sofrer modificações positivas com a permissão de funcionamento
de cassinos.
Enfim, façam suas apostas, por
ora fora do Brasil!
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