Simone Oliveira Rocha
Sócia do Escritório Homero Costa Advogados, MBA em Gestão Estratégica de Empresas pela Faculdade Newton Paiva
*publicado originalmente no Boletim Jurídico N.º 31 em 28/01/2011
Ações
trabalhistas, na visão das empresas, normalmente são interpretadas como dores
de cabeça que devem ser provisionadas em razão da possibilidade de condenação
judicial.
A
análise das demandas trabalhistas possibilita a extração de vários dados
relevantes, tais como levantamento dos pedidos mais comuns, o percentual de
êxito dos mesmos, a motivação das condenações e os custos gerados.
Além
disso, é possível levantar quais as áreas, departamentos ou setores da empresa
estão mais fragilizados ou que funções ou cargos necessitam de maior atenção,
entre outras informações.
De
posse destes dados, a empresa pode verificar quais são os seus problemas atuais
(administrativos, operacionais, funcionais, etc.), conhecendo, ainda, a sua
relevância e custo. Após esta análise, decidir com melhor embasamento quais as
ações ou mudanças que devem ser realizadas para impedir futuras reclamatórias.
Muitas
vezes, as soluções são simples e relativamente baratas, principalmente se
comparadas com custo do passivo gerado pelo problema.
Contextualização
Após
realizar o levantamento dos pedidos recorrentes nas reclamatórias trabalhistas
contra um cliente, foi verificado que o mais comum era o de pagamento de
adicional de insalubridade, presente em 123 dos 173 processos ativos. A
insalubridade era identificada em 45% dos laudos periciais e o seu pagamento
determinado em 93% dos processos. O valor provisionado, apenas para este
pedido, era de quase R$ 300.000,00.
Analisando
os laudos e as sentenças, foram levantados os motivos principais de concessão
dos pedidos, entre eles, a ausência de comprovação de fornecimento de
equipamento de proteção individual (EPI) e o contato habitual dos empregados
com óleos minerais.
Diante
do quadro apurado, foram apresentadas diversas soluções estratégicas para a
empresa estancar o passivo a curto, médio e longo prazo.
Vale
ressaltar que o investimento anual necessário para implementação das soluções
não representou sequer 10% do valor provisionado para o custo dos pedidos de
insalubridade, e a meta é reduzir a porcentagem de condenação para, no máximo,
5% no período de 5 anos.
Conclusão
Portanto,
as ações trabalhistas, apesar de gerarem desgaste e despesas, podem ser uma
oportunidade de melhoria e evolução, desde que a empresa opte por analisar os
dados ali existentes, buscando soluções estratégicas que evitem a repetição de
reclamatórias idênticas e, consequentemente, reduzam o passivo trabalhista.
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