segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

VALE A PENA SEGUIR CARREIRA COMO ADVOGADO NO BRASIL?

 

 

Stanley Martins Frasão

Advogado Sócio de Homero Costa Advogados

 

 

Sim — desde que com posicionamento estratégico, conformidade rigorosa à regulação da OAB e alta adaptabilidade tecnológica. A profissão permanece atrativa para quem combina expertise jurídica profunda com gestão, dados e foco no cliente. Sociedades e profissionais que dominarem o portfólio híbrido de precificação, operarem com eficiência mensurável e entregarem aconselhamento de alto impacto tendem a capturar valor sustentável no Mercado Jurídico brasileiro.

O Mercado Jurídico brasileiro combina contencioso volumoso com novas demandas de LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados)ESG (Environmental, Social and Governance – Ambiental, Social e Governança) e digitalização processual (PJe – Processo Judicial Eletrônico). Nesse ambiente, a advocacia é atrativa para quem migra do “contar horas” para a entrega de valor mensurável: gestão de risco, estratégia e previsibilidade de custos. Sociedades que operam com métricas e experiência do cliente superior preservam margens e relacionamentos.

A Precificação híbrida orientada a valor deve ser aplicada.

A automação de legaltechs (empresas de tecnologia jurídica) e a escala de ALSPs (Alternative Legal Service Providers – Provedores Alternativos de Serviços Jurídicos) comprimem preços em tarefas padronizáveis, impulsionando um portfólio de modelos:

  • Fixed fee (preço fixo)/retainer (mensalidade) para rotinas previsíveis (governança contratual e conformidade).
  • Value-based pricing (precificação por valor) em trabalhos estratégicos (M&A – Mergers and Acquisitions – Fusões e Aquisições, arbitragem).
  • Managed services (serviços gerenciados) com SLAs (Service Level Agreements – Acordos de Nível de Serviço) e KPIs (Key Performance Indicators – Indicadores‑Chave de Desempenho).
  • Assinaturas para operações contínuas (programas de compliance – conformidade regulatória e CLM – Contract Lifecycle Management – Gestão do Ciclo de Vida de Contratos).
  • Success fee (honorários de êxito)/holdback (retenção condicional) em contencioso, respeitando limites éticos.

Exemplo: revisão anual de milhares de contratos pode migrar de hora-avulsa para tarifa por documento, com SLA (Acordo de Nível de Serviço) de 72h e métricas de qualidade; a banca foca cláusulas críticas e pareceres.


Operação, dados e tecnologia como alavancas. A vantagem competitiva nasce de legal ops (operações jurídicas) e da integração entre pessoas, processos e tecnologia:

  • Padronização e automação: listas de verificação, modelos versionados e “esteiras” de produção.
  • Analytics (análises de dados)dashboards (painéis) de produtividade, qualidade e risco para decidir preço, prazos e staffing (alocação de equipe).
  • Integração de sistemasCLM (Gestão do Ciclo de Vida de Contratos)BI (Business Intelligence – Inteligência de Negócios) e plataformas judiciais, com trilhas de auditoria e segurança da informação.
  • IA (Inteligência Artificial) como copilot (copiloto): acelera pesquisa, triagem, e‑discovery (descoberta eletrônica) e análise documental; o diferencial humano permanece na estratégia, no julgamento jurídico e na negociação.

Ética, regulação e reputação (OAB), o tripé necessário.

A inovação deve observar o Estatuto da Advocacia, o Código de Ética e os Provimentos do CFOAB (Conselho Federal da OAB), como o de publicidade informativa. Pontos críticos:

  • Transparência de escopo, preço e performance contratada.
  • Vedação à captação indevida e limites a comunicação mercadológica.
  • Proteção de dados (LGPD), confidencialidade e governança de fornecedores/terceiros.
  • Estrutura societária compatível com as regras profissionais, preservando independência técnica.

Competências essenciais para o sucesso:

  • Técnicas: domínio regulatório setorial e redação de alto nível.
  • Operacionaislegal ops (operações jurídicas)SLAs (Acordos de Nível de Serviço)KPIs (Indicadores‑Chave de Desempenho) e controle estatístico de qualidade.
  • Tecnologia e dados: automação, IA (Inteligência Artificial) aplicada e visualização de indicadores.
  • Negócios: precificação, proposta de valor e experiência do cliente.
  • Soft skills (competências comportamentais): comunicação clara, negociação, mediação e ética aplicada.
  • PMO (Project Management Office – Escritório de Gerenciamento de Projetos) jurídico para governança de projetos complexos.

Caminhos práticos para profissionais e Sociedades:

  1. Mapeie o portfólio por eixo complexidade × padronização; automatize o “repeatable (recorrente)” com legaltechs/ALSPs.
  2. Redesenhe ofertas em camadas: plataforma por assinatura, managed services (serviços gerenciados) e consultoria premium.
  3. Implemente governança de qualidade e ética para uso de IA (Inteligência Artificial) e dados.
  4. Mensure valor: relate ganhos de tempo, redução de risco e previsibilidade orçamentária.
  5. Revisite “rate cards (tabelas de tarifas)” com descontos por volume e métricas de desempenho.

Conclusão

Vale a pena seguir carreira como advogado no Brasil — para quem combina expertise jurídica profunda com gestãodados e foco no cliente, sob conformidade estrita às normas da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). A profissão permanece relevante social e economicamente, e o prêmio recai sobre quem entrega resultado verificável, domina precificação híbrida e adota tecnologia com responsabilidade. Nesse equilíbrio entre técnica, ética e eficiência está o caminho para o valor sustentável no Mercado Jurídico brasileiro.

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