Missão (quase) impossível
Um dos
estagiários foi acionado pelo advogado coordenador da equipe para tentar
resolver uma diligência que, até então, nenhum outro colega tinha conseguido
cumprir: conseguir convencer a escrivã do Fórum de uma Comarca do Interior de
MG a expedir uma Carta Precatória para leiloar um bem penhorado que, há mais de
3 meses, já havia sido determinado pela Juíza daquela Vara. Orientação: “volte
ao Escritório apenas com a Precatória em mãos!”. Pois bem. Ao meio dia em
ponto, o estagiário estava à porta do fórum; afinal, “quem chega primeiro, bebe
água fresca”. Ao ser chamada, a escrivã, da sua própria mesa, respondeu em alto
tom: “O que quer?”. O estagiário respondeu: “posso conversar com a senhora um
instante?”. “Diga daí”, foi a resposta. Após alguma insistência, o estagiário
foi atendido face-a-face. “É o seguinte, preciso que a senhora expeça a Carta
Precatória deste processo”. “Ah, claro! Por que não disse antes”. “Expedirei
agora”, afirmou a escrivã. Como não poderia ser diferente, o estagiário ficou
aguardando. 1h, 2h, 3h, 3h30... 4h se passaram. Nada! Com o pé já doce, pois
estava aguardando no balcão e o cotovelo inchado, de repente, o estagiário
ouviu lá do fundo da Secretaria: “Quem é esse menino? O que ele quer?”. “Nada
não”, disse a escrivã. Esperançoso, embora sem saber quem era aquela boa alma,
o estagiário foi em sua direção, mesmo sem ter sido chamado, e disse: “Quero
sim, uma Precatória!”. “Como assim?”, foi a resposta da “curiosa”. “A senhora é
mesmo a...” “Juíza”, foi a resposta. Após esgotar a concedida oportunidade de
ouro ao estagiário, a Juíza chamou a escrivã em sua sala, questionou-lhe o
porquê de tamanha demora e, por fim, ordenou: “cumpra meu despacho e entregue
ao menino imediatamente”! Com ares de vitória, o estagiário retornou ao balcão.
Meia hora se passou e... nada! Quando então a juíza saiu do seu gabinete, bolsa
a tira colo, com ares de fim do expediente, passou por detrás do “menino”, deu
um educado boa tarde e ouviu: “Excelência, só mais um instante”. “Claro, pois
não”. “Sabe o que é, lembra da Precatória, ainda não...”. “Como? Ainda não?”.
Antes de ser novamente chamada, a Escrivã levantou rapidamente e disse que o
documento já estava quase pronto. “Então vou esperar”, disse a bondosa Juíza,
“aproveito e já assino”. Dessa vez, em “apenas” 15 minutos, a Carta Precatória
foi devidamente entregue e o estagiário retornou ao Escritório com mais uma
missão cumprida. Na verdade, comprida.
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