sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Missão (quase) impossível

Missão (quase) impossível


Um dos estagiários foi acionado pelo advogado coordenador da equipe para tentar resolver uma diligência que, até então, nenhum outro colega tinha conseguido cumprir: conseguir convencer a escrivã do Fórum de uma Comarca do Interior de MG a expedir uma Carta Precatória para leiloar um bem penhorado que, há mais de 3 meses, já havia sido determinado pela Juíza daquela Vara. Orientação: “volte ao Escritório apenas com a Precatória em mãos!”. Pois bem. Ao meio dia em ponto, o estagiário estava à porta do fórum; afinal, “quem chega primeiro, bebe água fresca”. Ao ser chamada, a escrivã, da sua própria mesa, respondeu em alto tom: “O que quer?”. O estagiário respondeu: “posso conversar com a senhora um instante?”. “Diga daí”, foi a resposta. Após alguma insistência, o estagiário foi atendido face-a-face. “É o seguinte, preciso que a senhora expeça a Carta Precatória deste processo”. “Ah, claro! Por que não disse antes”. “Expedirei agora”, afirmou a escrivã. Como não poderia ser diferente, o estagiário ficou aguardando. 1h, 2h, 3h, 3h30... 4h se passaram. Nada! Com o pé já doce, pois estava aguardando no balcão e o cotovelo inchado, de repente, o estagiário ouviu lá do fundo da Secretaria: “Quem é esse menino? O que ele quer?”. “Nada não”, disse a escrivã. Esperançoso, embora sem saber quem era aquela boa alma, o estagiário foi em sua direção, mesmo sem ter sido chamado, e disse: “Quero sim, uma Precatória!”. “Como assim?”, foi a resposta da “curiosa”. “A senhora é mesmo a...” “Juíza”, foi a resposta. Após esgotar a concedida oportunidade de ouro ao estagiário, a Juíza chamou a escrivã em sua sala, questionou-lhe o porquê de tamanha demora e, por fim, ordenou: “cumpra meu despacho e entregue ao menino imediatamente”! Com ares de vitória, o estagiário retornou ao balcão. Meia hora se passou e... nada! Quando então a juíza saiu do seu gabinete, bolsa a tira colo, com ares de fim do expediente, passou por detrás do “menino”, deu um educado boa tarde e ouviu: “Excelência, só mais um instante”. “Claro, pois não”. “Sabe o que é, lembra da Precatória, ainda não...”. “Como? Ainda não?”. Antes de ser novamente chamada, a Escrivã levantou rapidamente e disse que o documento já estava quase pronto. “Então vou esperar”, disse a bondosa Juíza, “aproveito e já assino”. Dessa vez, em “apenas” 15 minutos, a Carta Precatória foi devidamente entregue e o estagiário retornou ao Escritório com mais uma missão cumprida. Na verdade, comprida.

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