Stanley Martins Frasão
Advogado
Sócio de Homero Costa Advogados
Ana Flávia de
Vasconcellos Anselmo
Estagiária de Homero Costa Advogados
Neste ano de 2024 fomos apresentados a um novo feriado nacional, o Dia
da Consciência Negra, 20 de novembro.
A data homenageia Zumbi dos Palmares, um símbolo da resistência contra
a escravidão. Zumbi, liderou o Quilombo dos Palmares, era lá onde milhares de
negros fugitivos buscavam refúgio para a luta pela sua liberdade. A história da
busca pela igualdade é marcada por séculos de batalhas, desde a luta pelo fim
da escravidão até a defesa dos Direitos Civis. Além de Zumbi dos Palmares,
temos outras figuras que foram importantes para esse movimento como Dandara dos
Palmares, que ajudou seu marido no quilombo dos Palmares, ou Milton Santos, que
teve grandes questionamentos sobre como os negros eram tratos em solo
brasileiro.
Em um país que, historicamente, lidou com a escravidão e suas
consequências, esse dia é, principalmente, um momento de reflexão sobre a
história, cultura e lutas de uma população e, também, da nossa sociedade.
Precisamos avançar de forma significativa na valorização da
diversidade e na promoção da igualdade racial no Brasil, demonstrando a vontade
de reparação, ou seja, que negros e pardos recebam o que lhes foi tirado: como
oportunidades, formação e lugares de decisão.
Apesar de várias barreiras terem sido quebradas, ainda é necessária
essa reavaliação social como, por exemplo, a população negra no mercado de
trabalho.
Segundo o IBGE, por mais que sejam a maioria, o rendimento-hora de
pessoas negras e pardas é menor do que de pessoas brancas (por volta de 61,4%
maior), mostrando que, pessoas brancas recebem 64,2% a mais que pessoas negras
ou pardas (https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/negros-e-pardos-sao-maioria-no-mercado-de-trabalho-mas-rendimentos-de-brancos-sao-614-maiores-aponta-ibge/ e https://baoba.org.br/mercado-de-trabalho-brasileiro-ainda-reproduz-o-racismo-da-nossa-sociedade/). Para mais, não é promovido apenas uma
reflexão sobre o dia, mas também o incentivo à educação, com a realização de
eventos culturais, palestras e atividades educativas por todo país. Como, por
exemplo, um maior ensinamento sobre a cultura afro-brasileira, que na maioria
das vezes é negligenciada pelas escolas, ou então manifestações culturais, como
samba, capoeira e candomblé, que ensinam tanto sobre a cultura como sobre a
história do povo.
Acerca deste tema, ocorreu no dia 21/08 a plenária final sobre o Seminário
Legislativo do Estatuto da Igualdade Racial na Assembleia Legislativa de Minas
Gerais (https://www.almg.gov.br/comunicacao/noticias/arquivos/Plenaria-final-do-Seminario-da-Igualdade-Racial-e-concluida-com-86-propostas-aprovadas/). As propostas abordaram assuntos como,
o combate ao racismo, o financiamento de políticas públicas, o acesso à saúde,
entre outros. Esse Estatuto será um instrumento para orientar políticas
públicas, ações, iniciativas e programas de promoção à igualdade racial, a fim
de garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades. O
Estatuto da Igualdade Racial já foi aprovado em âmbito federal.
A história de luta contra o racismo não está finalizada, ainda é
necessário que as pessoas continuem a evoluir para que suas ideias e seus
pensamentos também cresçam, exigindo um compromisso diário da sociedade para a
construção de um futuro mais justo.
Dois exemplos de preocupação com o tema e evolução: O CESA Centro de
Estudos das Sociedades de Advogados (https://www.migalhas.com.br/depeso/336621/dia-da-consciencia-negra--o-papel-do-direito-na-luta-antirracista) e o Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil (https://www.migalhas.com.br/depeso/355794/cotas-raciais-nas-eleicoes-da-oab-o-direito-brasileiro-e-antirracismo)
O novo feriado da Consciência Negra não vem apenas para ser mais uma
data simbólica, ele vem para trazer maiores ensinamentos e reflexões para
todos.
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