O TERNO LARGO E O ADVOGADO
DE NOME ESQUISITO
O
advogado criminalista, percebendo a necessidade de adquirir um terno novo, se
dirigiu a um recém-inaugurado e grande shopping de Belo Horizonte, aproveitando
a oportunidade para conhecer o local, já bastante elogiado por sua esposa.
Lá
chegando, pôs-se a explorar o ambiente, passeando pelos corredores e apreciando
as vitrines, todas bem arrumadas e bastantes chamativas. Os vendedores e
vendedoras, solícitos, vinham até a porta das lojas, convidando-o a entrar e
aproveitar os preços baixos, os produtos de alta qualidade, etc. Educadamente,
recusava os convites, ciente de que sua missão era adquirir um terno e nada
mais do que isso. Afinal, havia prometido à sua mulher que não “esbanjaria” com
bobagens como cd´s, chocolates e raquetes de tênis.
Encontrando
a loja, entrou e logo foi atendido por um simpático vendedor. Rapidamente
escolheu um terno azul marinho com listras finas e pôs-se a experimentá-lo.
Satisfeito com o achado, solicitou ao vendedor que o ajustasse às suas medidas,
o que foi feito com muitos alfinetes e algumas alfinetadas.
Após
o pagamento, o vendedor informou ao advogado que o terno poderia ser buscado
três dias depois, o que fez com que este ficasse extremamente satisfeito, pois
teria uma audiência em Goiânia no final da semana e poderia, assim, estrear sua
nova aquisição.
Passados
os três dias, o advogado, verificando que não teria tempo de apanhar o terno,
pediu à sua mulher que o buscasse na loja, entregando-a o comprovante da
compra. Mais do que rapidamente, a zelosa esposa advertiu ao marido que talvez
fosse melhor ele mesmo buscar a vestimenta, ocasião na qual poderia
experimentá-la e verificar se os ajustes foram corretos. “Bobagem”!, respondeu
ele, “tenho certeza que tudo está perfeito!”.
A
esposa, então, buscou o terno e o entregou ao advogado que, satisfeito, logo o
separou para viagem que seria realizada no início da noite. –“Não é melhor
experimentar?”, perguntou a mulher. “Bobagem”!, novamente respondeu ele, “está
tudo perfeito, como já te disse”.
Assim
que chegou na cidade de Goiânia e como a audiência seria realizada na manhã
seguinte, o advogado dirigiu-se a um hotel em frente a uma praça (que depois
descobriu ser carinhosamente chamada pela população local de “Praça do
Ratinho”) para ali pernoitar.
Acordou
cedo, tomou um bom banho, barbeou-se, retirou da capa o terno e começou a
vesti-lo. Assim que colocou as calças, a primeira surpresa: estavam
extremamente largas, sendo que cabiam cerca de três dele nela. Impossível
usá-las sem parecer estar trajando uma bombacha larga e desengonçada. “E
agora?”, pensou. “Não existe loja aberta às 7:00 da manhã”. Como viajou com uma
calça jeans escura conformou-se em usá-la na audiência. Era o único jeito.
Vestiu
as calças, a camisa, pôs a gravata e pegou o paletó. Vestiu-o. Estava também
extremamente largo e o pior, as mangas, de tão compridas, ultrapassavam, em
muito, os dedos de suas mãos. Olhou-se no espelho, a imagem do Dunga (o
personagem da história da Disney, não o técnico ranzinza), com seu paletó largo
e comprido, veio em sua mente. “Também não dá”, pensou.
O
jeito foi ir sem o paletó também. Chegando ao Fórum, conseguiu uma beca já
acinzentada e puída pelo uso, com a aparência de que não via água e sabão há
algum tempo e foi para a sala de audiência. Para seu alívio, ao que parece, sua
vestimenta não chamou a atenção e o ato foi realizado sem maiores percalços.
Ao
voltar para Belo Horizonte, o advogado contou todo o “drama goiano” para sua
mulher e foi até a loja trocar o terno largo pelo adequado às suas medidas. Lá
chegando, narrou o ocorrido à vendedora que, verificando o erro, foi até os
fundos do estabelecimento, de lá voltando com uma capa com o terno realmente
comprado por aquele.
Feita
a troca, a vendedora se desculpou pelo equívoco, informando que entregaram o
terno errado para a mulher do advogado porque este, assim como o “dono do terno
largo” possui um “nome muito esquisito” e, por isso, foi feita a confusão.
Resultado,
o advogado, além de passar pelo transtorno, descobriu que tem um “nome
esquisito”, motivo pelo qual, a partir de então, experimenta todas as roupas
que compra e soletra seu nome pausadamente. Chega de confusão!
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