sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

O Terno Largo e o Advogado de Nome Esquisito

O TERNO LARGO E O ADVOGADO DE NOME ESQUISITO

O advogado criminalista, percebendo a necessidade de adquirir um terno novo, se dirigiu a um recém-inaugurado e grande shopping de Belo Horizonte, aproveitando a oportunidade para conhecer o local, já bastante elogiado por sua esposa.
Lá chegando, pôs-se a explorar o ambiente, passeando pelos corredores e apreciando as vitrines, todas bem arrumadas e bastantes chamativas. Os vendedores e vendedoras, solícitos, vinham até a porta das lojas, convidando-o a entrar e aproveitar os preços baixos, os produtos de alta qualidade, etc. Educadamente, recusava os convites, ciente de que sua missão era adquirir um terno e nada mais do que isso. Afinal, havia prometido à sua mulher que não “esbanjaria” com bobagens como cd´s, chocolates e raquetes de tênis.
Encontrando a loja, entrou e logo foi atendido por um simpático vendedor. Rapidamente escolheu um terno azul marinho com listras finas e pôs-se a experimentá-lo. Satisfeito com o achado, solicitou ao vendedor que o ajustasse às suas medidas, o que foi feito com muitos alfinetes e algumas alfinetadas.
Após o pagamento, o vendedor informou ao advogado que o terno poderia ser buscado três dias depois, o que fez com que este ficasse extremamente satisfeito, pois teria uma audiência em Goiânia no final da semana e poderia, assim, estrear sua nova aquisição.
Passados os três dias, o advogado, verificando que não teria tempo de apanhar o terno, pediu à sua mulher que o buscasse na loja, entregando-a o comprovante da compra. Mais do que rapidamente, a zelosa esposa advertiu ao marido que talvez fosse melhor ele mesmo buscar a vestimenta, ocasião na qual poderia experimentá-la e verificar se os ajustes foram corretos. “Bobagem”!, respondeu ele, “tenho certeza que tudo está perfeito!”.
A esposa, então, buscou o terno e o entregou ao advogado que, satisfeito, logo o separou para viagem que seria realizada no início da noite. –“Não é melhor experimentar?”, perguntou a mulher. “Bobagem”!, novamente respondeu ele, “está tudo perfeito, como já te disse”.
Assim que chegou na cidade de Goiânia e como a audiência seria realizada na manhã seguinte, o advogado dirigiu-se a um hotel em frente a uma praça (que depois descobriu ser carinhosamente chamada pela população local de “Praça do Ratinho”) para ali pernoitar.
Acordou cedo, tomou um bom banho, barbeou-se, retirou da capa o terno e começou a vesti-lo. Assim que colocou as calças, a primeira surpresa: estavam extremamente largas, sendo que cabiam cerca de três dele nela. Impossível usá-las sem parecer estar trajando uma bombacha larga e desengonçada. “E agora?”, pensou. “Não existe loja aberta às 7:00 da manhã”. Como viajou com uma calça jeans escura conformou-se em usá-la na audiência. Era o único jeito.
Vestiu as calças, a camisa, pôs a gravata e pegou o paletó. Vestiu-o. Estava também extremamente largo e o pior, as mangas, de tão compridas, ultrapassavam, em muito, os dedos de suas mãos. Olhou-se no espelho, a imagem do Dunga (o personagem da história da Disney, não o técnico ranzinza), com seu paletó largo e comprido, veio em sua mente. “Também não dá”, pensou.
O jeito foi ir sem o paletó também. Chegando ao Fórum, conseguiu uma beca já acinzentada e puída pelo uso, com a aparência de que não via água e sabão há algum tempo e foi para a sala de audiência. Para seu alívio, ao que parece, sua vestimenta não chamou a atenção e o ato foi realizado sem maiores percalços.
Ao voltar para Belo Horizonte, o advogado contou todo o “drama goiano” para sua mulher e foi até a loja trocar o terno largo pelo adequado às suas medidas. Lá chegando, narrou o ocorrido à vendedora que, verificando o erro, foi até os fundos do estabelecimento, de lá voltando com uma capa com o terno realmente comprado por aquele.
Feita a troca, a vendedora se desculpou pelo equívoco, informando que entregaram o terno errado para a mulher do advogado porque este, assim como o “dono do terno largo” possui um “nome muito esquisito” e, por isso, foi feita a confusão.
Resultado, o advogado, além de passar pelo transtorno, descobriu que tem um “nome esquisito”, motivo pelo qual, a partir de então, experimenta todas as roupas que compra e soletra seu nome pausadamente. Chega de confusão!


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