Luana Otoni de Paula André
Advogada
Sócia de Homero Costa Advogados
A indústria e a tecnologia evoluíram
conjuntamente.
O investimento, contudo, é alto, afinal a
indústria da moda é a segunda maior do mundo, só perde para a indústria
petrolífera. Nesse contexto, o investimento em produção, uso de recursos
naturais e novas tecnologias também é elevado[1].
A indústria mainstream da moda depende
de produção em massa, em que são oferecidos preços muito baixos e inúmeros
lançamentos e coleções. Tudo em um tempo curto – do processo de design
(e das réplicas das tendências apresentadas nas passarelas) para as lojas.
O poder de uma nova coleção em tornar a
anterior obsoleta, contribui para o descarte precoce. Como resultado, as
pessoas consomem coletivamente em torno de 80 bilhões de roupas por ano e esses
itens são cada mais considerados descartáveis[2].
O consumo excessivo traz um preço oculto para o meio ambiente e para os
trabalhadores da cadeia de produção.
A indústria têxtil possui um dos processos de
maior geração de poluentes, contribuindo quantitativa e qualitativamente com
carga poluidora rejeitada no meio ambiente, os quais, quando não corretamente tratados,
são indutores de sérios problemas de contaminação ambiental.
Há aspectos ambientais negativos associados
ao processo produtivo considerados desde a fase de cultivo das matérias-primas
utilizadas (emprego de resíduos tóxicos de pesticidas e agentes para
preservação do algodão e da lã; o uso de fertilizantes artificiais e de
pesticidas nas culturas de algodão), passando pelas fases de produção
industrial (poluição através dos efluentes dos processos de tingimento e
acabamento incluindo corantes, fosfatos, metais pesados e agentes de
complexação) e finalmente os resíduos resultantes do mesmo processo de fabricação
(a título de exemplo os lodos e lamas).
Somado a isso, o grande consumo de água
durante as etapas do processo de fabricação dos tecidos gera água residual com
efeito poluidor bastante significativo devido às elevadas vazões e toxicidade,
além do volume e composição variáveis.
E é em razão deste cenário (desfavorável) que
emergiu o movimento Slow Fashion, criado pela inglesa Kate Fletcher[3].
Esse movimento tem como princípio a busca por novos produtos por meio de novas
tecnologias, cujos valores se manifestam incentivando a consciência ética e
sustentável.
A moda slow representa todas as coisas
“eco”, “ética” e “verdes” em um movimento unificado. A abordagem lenta (slow)
intervém como um processo revolucionário no mundo contemporâneo, pois incentiva
a tomada de tempo para garantir uma produção de qualidade, para dar valor ao
produto e contemplar a conexão com o meio ambiente.
É interessante que empresários do setor têxtil,
designers, varejistas e
consumidores possam perceber e reconhecer que os impactos em suas escolhas
afetam diretamente o meio ambiente, sobretudo porque suas decisões estão
intimamente interligadas ao sistema ambiental e social.
Produtores da moda slow se esforçam
para manter a diversidade ecológica, social e cultural.
Modelos de negócios diversificados e
inovadores são incentivados: dos designers independentes, às lojas de
segunda mão e bazares, por exemplo (todos reconhecidos no movimento do slow fashion).
Manter vivos os métodos “tradicionais” de fabricação, como o feito à mão e as
técnicas de tingimento naturais, além da história por trás de cada peça de
roupa, também fornecem a vitalidade e o significado para o que vestimos.
[2]
CONFINO, JO. We buy a
stagering amount of clothing, and mosto f it ends up in landfills. The Hupost
Post (www.hufpostbrasil.com),
acesso realizado em 26.07.2019.
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