Stanley Martins Frasão
Advogado Sócio de Homero Costa
Advogados
No universo jurídico, a metáfora
de um torneio inusitado — onde o objetivo é dar o chute mais preciso, forte e
eficaz no “traseiro” do adversário — revela uma verdade profunda sobre a
prática da Advocacia. Imagine um competidor com apenas uma perna. Ele não é
menos digno ou capaz, mas, para competir de igual para igual nessa modalidade,
precisaria treinar mais, desenvolver técnicas e estratégias próprias. Entrar no
jogo, nesse cenário, sem estar preparado, é assumir uma desvantagem objetiva.
Assim como no torneio simbólico,
o advogado que limita sua preparação ao diploma, à inscrição na OAB ou ao marketing
pessoal está apenas “presente no jogo”, mas longe de estar competitivo. A
advocacia exige muito mais que o básico: envolve equilíbrio emocional diante
das pressões, força argumentativa para sustentar teses, estratégia processual
na condução dos casos e uma técnica refinada em todos os atos forenses.
Segundo dados de pesquisa da FGV
(2023), apenas 20% dos advogados graduados se sentem realmente preparados para
lidar com a rotina prática nos três primeiros anos de profissão. Esse dado
revela o abismo existente entre o ensino teórico e a realidade prática dos
fóruns.
Entrar na advocacia sem investir
em formação continuada é como disputar o torneio simbólico com uma perna só,
sem qualquer adaptação. A prática forense — conhecimento dos ritos processuais,
capacidade de leitura das entrelinhas dos despachos judiciais, e habilidade em
construir relacionamentos éticos no mundo jurídico — só se adquire com estudo
constante e vivência.
O estudo deve ser contínuo, ler
jurisprudências, atualizar-se sobre mudanças legislativas, participar de
workshops e grupos de estudo.
O desenvolvimento de Soft Skills
é importante, a inteligência emocional para lidar com frustrações, comunicação
clara com clientes e colegas, resiliência diante de derrotas processuais.
E a experiência prática é
necessária e importante, o Estágio, acompanhamento de audiências, simulações de
sustentações orais e elaboração constante de peças processuais.
A oportunidade é para todos. Ao
contrário de torneios físicos, em que algumas limitações podem ser
irreversíveis, na Advocacia todos podem — com dedicação — desenvolver as
habilidades exigidas pela profissão. A tecnologia democratizou o acesso ao
conhecimento: há cursos online de técnica processual, plataformas de simulação
de audiências e comunidades jurídicas de troca de experiências. Não basta
apenas querer advogar; é preciso agir como protagonista do próprio
desenvolvimento.
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