Luana Otoni de Paula André
Advogada Sócia de
Homero Costa Advogados
A indústria têxtil (produtora de artigos de
luxo ou não) se apresenta no mercado e exerce papel relevante na economia.
Nesse particular, os indicadores divulgados
pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil (“ABIT”):
Dados Gerais do setor
referentes a 2018 (atualizados em dezembro/2019)[1]
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Faturamento da Cadeia Têxtil e de
Confecção
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US$48,3 bilhões; contra US$ 52,2 bilhões
em 2017;
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Investimentos no setor
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U$894,4 milhões, contra U$ 985 milhões em
2017;
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Produção média de confecção
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8,9 bilhões de peças; (vestuário, meias e
acessórios, cama, mesa e banho), contra 8,9 bilhões de peças em 2017;
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Produção média têxtil:
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1,2 milhão de toneladas, contra 1,3
milhões de toneladas em 2017;
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Trabalhadores
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1,5 milhão de empregados diretos e 8
milhões se adicionarmos os indiretos e efeito renda, dos quais 75% são de mão
de obra feminina.
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Hoje, vivenciamos uma variável que não era
esperada: Coronavírus – COVID-19 – a
problemática ganhou nome, sobrenome e a atenção (alerta) de todos, inclusive da
indústria da moda, têxtil e de confecção.
O reflexo desta variável, diagnosticada
como “Pandemia”, exige auxílio
técnico e imediato. Questionamentos cujas respostas devem ser dadas à contento,
exigem explicações a altura: rápidas, assertivas e objetivas.
São 03 (três) grandes problemas que
elencamos, a princípio:
(i) o declínio da oferta de bens. A China (made in China), por exemplo, deixou de
exportar e estabeleceu escassez de matéria prima para a produção[2].
(ii) a demanda, até então ululante, se apresenta
escassa – há desemprego – esse fator leva à interrupção compulsória do consumo;
e
(iii) sobre a ótica econômica, os players desse mercado se recorreram aos
Bancos; as Instituições Financeiras, no entanto, não possuem crédito a
oferecer.
Esses 03 (três) fatores se somados, tendem
a levar o País a uma “depressão” já que o cenário é bastante complexo.
Segundo o economista e professor da
Fundação Getúlio Vargas (“FGV”), Mauro Rocholin “estamos falando de um setor muito vulnerável à crise, suscetível às
turbulências da economia. O que caracteriza esse mercado é a presença de muitas
empresas de pequeno porte, numa disputa acirrada, sem muita solidez e
financeiramente frágeis.”[3]
E é nesse contexto que a indústria de moda,
não por acaso, têm se mostrado preocupada; todo o mercado está em um momento
delicado e uma das consequências gerais mais evidentes é a interrupção de
vendas.
Além disso, são diversos eventos cancelados
ou adiados. Em Minas Gerais, a Federação das Indústrias de Minas Gerais
(FIEMG), cancelou a 26ª edição do Minas
Trend que ocorreria entre os dias 21 a 24 de abril, no estado de São Paulo,
a 49ª edição do São Paulo Fashion Week também
cancelou os desfiles que aconteceriam nos dias 24 a 28 de abril, no Rio de
Janeiro o Vest Rio que ocorreria em
abril foi adiado para o mês de junho.
E não foram somente esses eventos, o
reflexo (negativo) seguiu a todo vapor: os lançamentos da Cruise Collections que tradicionalmente ocorrem em lugares com
praias e paisagens maravilhosas do Brasil foram cancelados.
A jornalista de moda Lilian Pace em seu
canal do YouTube externou que “é o momento de as pessoas criarem novos
formatos de apresentação de coleção. Talvez, depois dessa crise, as temporadas
de moda mudem para sempre. Foi muito disruptivo”.
É necessário que: (i) os players do mercado
da moda (movido essencialmente por emoção), se reinventem criando alternativas
para minimizarem os impactos da crise gerada pelo Coronavírus; e (ii) o setor fashion se prepare para as intensas consequências econômicas que a
pandemia causará, adaptando-se aos contínuos esforços de contenção.
O delivery
vem sendo utilizado como uma dessas alternativas (as peças são entregues na
casa dos consumidores).
As vendas através de E-commerce[4]
também se apresentam como uma ferramenta contundente para driblar o problema.
É preciso, contudo, enxergar luz ao “final
do túnel”.
O consumo tenderá a ser mais consciente
depois da pandemia, os clientes e players
do mercado da moda passarão por uma reavaliação dos seus princípios e
valores em que será perfectibilizada uma outra e nova ordem de prioridades ---
talvez ganhar e obter mais relevância na vida das pessoas, mas certamente todos
terão que encontrar o equilíbrio.
[2] Nesse
sentido, as considerações de Gabriel Green Fusari (https://ffw.uol.com.br/blog/business/texto-do-leitor-o-impacto-do-coronavirus-na-industria-da-moda/),
consulta realizada em 23.03.2020.
[3] https://oglobo.globo.com/ela/moda/coronavirus-provoca-pane-na-industria-da-moda-24319749,
consulta realizada em 23.03.2020.
[4]
Leia
o Artigo https://www.migalhas.com.br/depeso/302107/e-commerce,
publicado no site Migalhas em
14.05.2019.
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