quinta-feira, 19 de setembro de 2019

SUSTENTABILIDADE NO ÂMBITO EMPRESARIAL




Mariana Cardoso Magalhães
Advogada Sócia de Homero Costa Advogados

Luana Otoni de Paula André
Advogada Sócia de Homero Costa Advogados

Nos últimos 100 anos, as empresas adotaram um modelo de crescimento econômico e industrial sem considerar o custo ou o sacrifício ao qual meio ambiente é submetido. A “crise ambiental” ou “crise ecológica” é decorrência desta relação entre homem e natureza, que paradoxalmente está ligada ao próprio crescimento econômico, ao elevado nível de desenvolvimento e ao padrão de vida alcançado pela civilização industrial.

Apesar de organizações com este perfil serem consideradas sucesso para a economia, de forma geral, os consumidores que detém visão crítica passaram a perceber que esse modo de produção possui conotação negativa, sobretudo para o meio ambiente.

E é nesse contexto que a sustentabilidade ganha força.

A sustentabilidade no âmbito empresarial não é um assunto novo, contudo, ainda, poucas organizações no Brasil aderiram a esta iniciativa por vontade própria. As empresas que já realizam atividades de sustentabilidade o fazem pelo fato destas serem necessárias à produção industrial, ou por utilização destas ações como marketing empresarial.

Os Programas de Integridade, em grande ascensão no Brasil por conta da vigência da Lei Anticorrupção – nº 12.846/2013 -, também possuem como um de seus pilares a implementação do chamado Compliance Ambiental, que nada mais é do que a evolução sustentável, baseada em uma gestão “ecoeficiente”; é um ofício que deve ser guiado de modo ordenado e sistematizado.

O crescimento destas investidas empresariais no âmbito da sustentabilidade, bem como a necessidade – urgente – de mudar a forma de produção e consumo de produtos em geral no Brasil, trouxeram a iniciativa da Prefeitura de São Paulo, através do Decreto nº 58.701/2019, que definiu que será iniciada na capital paulista a fiscalização eletrônica das empresas grandes e que são geradoras de resíduos.

Através da utilização da tecnologia do "QR Code" será possível para a Prefeitura de São Paulo e pela AMLURB (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana) o rastreamento do caminho dos resíduos gerados pelas empresas desde o container, passando pela transportadora até a destinatária final.

Empresas que atuam no ramo da moda também se atentaram para a necessidade de produzir de modo sustentável. São as chamadas empresas slow fashion[1], cuja principal ideia é a economia circular, mais especificamente a moda circular. A ideia é “nada se perde, tudo se transforma”.

Isso implica em geração zero de resíduos, uma vez que um produto se transforma em insumo para outro. Algumas maneiras de se ativar a Economia Circular são: compostagem, reciclagem e upcycling[2].

Além disso, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010) é um instrumento legal que merece ser desenvolvido e aplicado, sobretudo, no que se refere à Logística Reversa, ao responsabilizar as empresas por cuidar dos produtos finais de suas produções, ou seja, realizando a ideia “de berço a berço”, e por sua vez, alcançando a chamada Economia Circular.

O objetivo ultrapassa o de reduzir a quantidade de resíduos, sendo certo que o escopo primordial é fomentar as empresas (indústrias), ao produzir os seus produtos, o fazê-lo de forma viável à sua reinserção dentro da cadeia de produção.

O pensamento sustentável dentro do setor empresarial vai além da possibilidade de reutilização de resíduos para diminuir custos de produção, atualmente ganhou força a necessidade de um mercado mais consciente e ecológico, para a possibilidade de manutenção de um futuro para a sociedade e para o meio ambiente, fundamental para a sobrevivência do ser humano no mundo.

Podendo, recicle e cuide do resíduo que produz! Antes de jogar fora, repense, não existe “fora”.


[1] Leia o artigo Slow Fashion - Sustentabilidade e moda, disponível no seguinte endereço: (https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI309558,11049-Slow+fashion+Sustentabilidade+e+moda)

[2] Upcycling é o processo de criar algo novo e melhor a partir de itens antigos. Em contraste com a reutilização ou a reciclagem, o Upcycling usa materiais existentes para melhorar os originais.

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